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Sobre a conversa No caminho do eterno aprendiz com Stephen Little

Atualizado: 27 de nov. de 2021

Stephen Little é budista ordenado, pioneiro sobre a prática de Atenção Plena no Brasil e nós nos conhecemos quando ele foi dar uma palestra sobre esse tema no hospital onde eu trabalhava em SP. Isso foi lá pra 2007...De lá pra cá o Stephen participou da vários Cuidando de Quem Cuida da Casa do Cuidar, sempre levando seu conhecimento, sua sabedoria e presença atenta e carinhosa pros profissionais de saúde que participavam do programa. Ele é irlandês, e reside no Brasil há praticamente 20 anos, e eu, brasileira, que vim morar no Reino Unido e cá estou faz 6 anos.


As conversas No caminho do Eterno Aprendiz têm um fluxo que acontece na hora, não existe roteiro ou hora pra acabar...a gente segue num fluxo de escuta atenta, buscando explorar temas relacionados a espiritualidade e sentido de vida.


Eu tive a alegria de bater um papo maravilhoso com Stephen. Nós fizemos a conversa em inglês, e ela está disponível na íntegra no podcast. Mas se você não está muito seguro com a língua inglesa, pode ler aqui sobre como foi essa conversa:


A gente começou relembrando nossos tempos trabalhando juntos no Brasil, e depois pedi que ele falasse da infância na Irlanda e como ele experimentou espiritualidade e religião desde pequeno.

E ele falou sobre uma fase da adolescência...


"Quando eu era adolescente eu tinha um amigo que era vizinho e a gente manteve contato ao longo da vida e eu tinha um telescópio que eu troquei com ele por uma caixa da bateria e 2 discos, um deles do Pat Metheny e o outro Billy Cobham.

Eu precisava me abrir pra vida de um jeito diferente então as amizades, música e conversas sobre a vida acabaram se tornando muito importantes pra mim. A importância da amizade pra mim era algo tremendo.

A minha religião era amizade, música, arte e natureza e eu tentar entender o que era que estava acontecendo.

A espiritualidade com ênfase no potencial humano era o que ia fazendo sentido pra mim. Através da música que eu escutava eu podia ouvir que havia algo maior e melhor que nascia de dentro de mim."


Na vida adulta, Stephen se aprofundou no Budismo e ele falou:


"Pra mim o Budismo é amizade. Amizade é ter uma pessoa que nos escuta e ajuda a gente a lidar com nossas tendências e convicções.


Através dos anos temos amigos que contam boas piadas ou nos apresentam pra pessoas interessantes na nossa área de atuação, mas existe um aspecto da amizade que é a construção da confiança e quando você começa a confiar o suficiente pra se abrir com um amigo, você conta coisas que você não fala pra qualquer um. Quando uma amizade amadurece, se eu magoo meu amigo, por exemplo, eu me desculpo, e meu amigo pode expressar sua preocupação e descontentamento. E é uma arte esse processo. Ajudar um amigo a reconhecer uma tendência e ficar do lado de forma corajosa e gentil, se comunicando de um jeito que fala de limite mas de amor também é falar 'Olha, eu estou conectado a você e quero que você saiba que precisa trabalhar esse ou aquele aspecto em si mesmo.'

Para que isso possa acontecer, ambos os lados têm que ser responsáveis.

Existe potencial em 2 pessoas explorando a relação e sendo responsáveis nesse processo. Mas é um trabalho duro, então a maioria das pessoas prefere ficar na superfície."


Uma pergunta que ele fez que ficou reverberando em mim foi:

"Como a gente se relaciona de um jeito verdadeiramente baseado em amor?"


Fiquei pensando sobre essa pergunta e me veio memórias e pensamentos sobre como nutrir amorosidade nas relações e como isso pode acontecer de formas tão diferentes.



Foto: Priscila Prade


Um dos jeitos de explorar o tema da espiritualidade no podcast foi através da arte do Kintsugy. E Stephen trouxe reflexões muito ricas sobre o que significa essa arte:


"Kintsugy , pra mim, representa a vida espiritual. Sabe, você considera a experiência como um todo, não só as partes bonitas ou as linhas douradas, mas a integração, a história está na integração. Tudo na vida conta uma história de integração, o ouro é onde os pedaços encontram as falhas e inclui tudo.

O pote está completo sempre, kintsugi não é sobre consertar algo quebrado. Pessoas deprimidas sentem que essa ideia de que algo precisa ser consertado alimenta uma ideia de que existe algo fundamentalmente errado logo de início e isso é um conceito falso.

Somos completos, e estamos completos o tempo todo e o processo de healing, de cura, vem na relação com a nossa integralidade.

A imagem da lua refletida no mar é uma imagem maravilhosa que fala disso e fala de completude."


A conversa seguiu por mais de uma hora e pra ficar mais proveitosa eu dividi em 2 episódios do podcast. Não correndo o risco de dar "spoiler" :-) do próximo episódio na semana que vem eu volto a postar sobre como essa conversa continuou. Mas já te conto que dois dos temas abordados foram a experiência de imigração e como lidamos com nossos sentimentos.


Pra saber mais sobre o trabalho do Stephen você pode acessar:




Instagram: @stephen.little.manjupriya


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